quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

A cesárea está proibida?

A notícias das alterações feitas pela ANS, com a aprovação da nova proposta que visa reduzir o número de cesarianas, principalmente as eletivas (cirurgias com data marcada, sem real indicação médica, feitas por comodidade do médico ou paciente), tem causado grande alvoroço. Muitas mulheres estão com medo de que serão proibidas de realizar a cirurgia, caso desejem. Calma, também não é assim. 

A proposta não prevê o impedimento da realização da cirurgia. O que está previsto é que, para receber dos planos de saúde (pois a grande maioria das cirurgias são feitas através dos planos, uma vez que os médicos não querem perder tempo e dinheiro esperando a evolução natural de um trabalho de parto) o médico deverá preencher o Partograma, um documento que acompanha o atendimento que a mulher receber desde que entra em trabalho de parto, até o nascimento do bebê.

Mas, primeiro de tudo, é preciso entender uma coisa. Por quê se quer impedir a realização de cesáreas eletivas? Simples: porque é, em parte devido à elas, que o Brasil tem um índice de prematuridade de 12,4%, o dobro dos países europeus (onde o parto normal é incentivado e praticado, cesarianas somente em caso de real necessidade) (Fonte: UNICAMP). Um bebê que nasce antes de 38 semanas corre muito mais risco de não ter seus pulmões completamente formados. Ao nascer, estes bebês vão parar em UTIs neonatais, onde, por maior que seja a tecnologia, o risco de infecções e complicações é imenso.

Portanto, o que a ANS quer não é impedir a cesariana. Se a mulher assim deseja, mesmo sabendo que o parto normal é muito mais seguro, implica em menor tempo de recuperação, dor pós-parto praticamente nula, melhora no sistema imunológico do bebê, que a mãe sai da sala de parto com o bebê, e não fica ao menos 6 horas imóvel, como na cesariana. Se ela está bem informada sobre todos os riscos da cirurgia (complicações com anestesia, risco de lesões na bexiga durante a cirurgia, infecções pós-cirúrgicas - uma das maiores causas de morte de mulheres no pós-parto), ela pode realizar a cirurgia, mas deve esperar entrar em  trabalho de parto, pois é somente ao entrar em trabalho de parto que se pode ter certeza de que os pulmões do bebê estão prontos.

Muitos médicos, de forma anti-ética e inescrupulosa, receitam para suas pacientes injeções de corticoides, como forma de "amadurecer" rapidamente os pulmões do bebê. se o seu médico lhe fizer esta oferta, ele n]ao está sendo legal com você, muito pelo contrário. Não existe segurança nesta prática. E, sinceramente, agendar uma cirurgia de grande porte em uma gestante de 37 semanas, colocando mãe e filho em risco, só porque o médico quer passar o carnaval na Bahia, é, no mínimo, um cúmulo (sim, já vi isso acontecer, acreditem).

Então, se você quer fazer a cirurgia, se pesou bem o fato de serem 7 camadas de tecido (pele, músculos, gordura, etc.) cortados e depois costurados, de todos os riscos que envolvem uma cirurgia dessas, faça a cirurgia, mas ao menos espere o trabalho de parto. Agora, se você teme o parto normal por causa dos procedimento violentos que já foi vítima ou ouviu falar, saiba que não é se revoltando contra o parto normal que isso vai mudar. Violência obstétrica é crime, e somente com denúncia e mobilização poderemos combatê-la. O blog Cientista que virou mãe traz muita informação sobre o assunto, e para quem quer um parto com respeito, recomendo o Eu quero um parto normal. Leiam, se informem, somente assim podemos combater o sistema de violência e negligência que vivenciamos!!!


5 comentários:

  1. Será que vai ocorrer exceções? Por exemplo no meu caso...passei por duas cesarianas por necessidade pois sofro de pressão alta . Não cultuo o parto cesaria mas se pudesse optar desejaria novamente, não sofri nada como vejo em relatos. Não é indicado no meu caso pois poderia ocorrer uma ruptura uterina. Será que em caso de uma nova gravidez serei obrigada a arriscar a minha vida e a do bebe entrando em trabalho de parto?

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    1. Bem, pressão alta não é indicação de cesárea, na verdade a cirurgia é muito mais arriscada. Você correu sim muito mais riscos, exatamente por causa dessa cultura dos médicos de resolverem tudo de forma rápida com cirurgia.

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  2. Pressão alta nao é indicação de cesárea como a Andressa falou, nem cesárea prévia porque existem varias mulheres que conseguem ter seus tao sonhados partos normais depois de 1 ou 2 cesáreas. Mas como você teve cesárea, você pode optar por ela de novo.

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  3. Estou na minha segunda gestação. Minha primeira filha hoje com 10 anos foi parto cesária com data e horários agendados porém já entrando na 40ª semana. Porém dessa vez um pouco mais amadurecida estou me convencendo de que o parto normal é a melhor solução, espero que o meu possa ser normal.

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    1. Fernanda, não espere que o médico vá ajudá-la, principalmente se for de convênio. Vá atras, se informe sobre as taxas de parto normal dele, ficar esperando que possa ser normal, aqui no Brasil, sempre acaba na cesárea sem necessidade!!

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